O aplicativo Pokémon Go, que se tornou a febre mundial da vez, é um jogo para smartphones em que cada jogador deve vagar pelo mundo tentando capturar criaturas fictícias chamadas Pokémon – o termo vem do inglês “pocket monster“, que significa “monstro de bolso”.
O diferencial é que o mundo por onde os jogadores vagam é o seu próprio entorno real: mediante recursos do celular como a câmera e o GPS, o aplicativo tem acesso a informações reais sobre a localização de cada usuário e, com base nelas, adiciona “realidade aumentada” ao jogo. Assim, aparecem na tela os arredores verdadeiros do jogador, captados pela câmera e mapeados pelo GPS, e o aplicativo sobrepõe ao cenário os tais monstrinhos virtuais, que devem ser perseguidos. O jogador, portanto, precisa se locomover fisicamente para capturá-los.
Desbancando até a pornografia
As proporções desta febre podem ser medidas por um fato peculiar: um dos maiores sites de pornografia do mundo felicitou a Nintendo, criadora do game, porque a busca dos termos “Pokémon Go” na internet superou até mesmo a busca de pornografia, que costuma ser a tristemente significativa campeã.
Imbecilização
O grau de alienação e imbecilização promovido por mais essa válvula de escape da vida real chegou a ponto de que o próprio aplicativo tivesse de recomendar aos seus usuários que não jogassem enquanto dirigem – é que um homem bateu com seu carro numa árvore porque, ao volante, estava perseguindo um Pokémon.
Outro dado surreal: o exército israelense se viu forçado a banir o aplicativo entre seus militares temendo o vazamento de informações confidenciais, precisamente porque o jogo capta os dados reais do aparelho de seus usuários.
Assaltos
Um novo chamado aos pés na terra veio da polícia de O’Fallon, Missouri, nos Estados Unidos, onde um grupo de adolescentes foi preso sob a acusação de cometer uma série de assaltos contra jogadores do Pokémon Go atraídos durante a noite até lugares ermos. Teriam sido cerca de 11 assaltos a mão armada – e a gangue é formada por adolescentes de 16 a 18 anos. De acordo com as autoridades, o grupo se posicionava perto de um “PokéStop” indicado pelo jogo e só precisava ficar aguardando a chegada dos próximos jogadores que viessem à procura de um Pokémon.
Esses quatro jovens criminosos foram pegos, mas o alerta agora é de que a ampla divulgação da notícia pode criar uma onda de crimes semelhantes.
Risco de pedofilia
O perigo vai além dos assaltos. A realidade aumentada e a geolocalização, que são cruciais para o jogo, podem expor os usuários também ao abuso sexual. “No mundo virtual, infelizmente, as diferenças de idade são anuladas, tornando os menores muito suscetíveis a adultos mal-intencionados”, alerta Ernesto Caffo, professor de neuropsiquiatria infantil na Universidade de Modena, Itália, e presidente da associação italiana Telefono Azzurro, de proteção a crianças.
Autoridades muçulmanas condenam o jogo
Abbas Shouman, assistente do imã de Al Azhar, a máxima autoridade do mundo islâmico sunita, declarou que este jogo, “assim como o álcool, influencia a mente de forma negativa e afeta o jogador e quem está no seu entorno sem que eles sequer se deem conta”.
Aplicativo anticristão e satanista?
No meio do alarde em torno ao jogo, espalhou-se pela rede uma falsa entrevista com seu criador, Satoshi Tajiri. Segundo as declarações atribuídas a ele, o aplicativo teria sido criado para os satanistas e como vingança contra a educação cristã recebida dos pais. Tajiri ainda teria vociferado fortemente contra o cristianismo e declarado que o Pokémon é a verdadeira resposta para os porquês da vida.
Essa entrevista nunca existiu: aliás, é muito difícil conseguir quaisquer declarações do criador do jogo. No entanto, a falsidade desses boatos sensacionalistas não apaga os perigos muito reais que essa nova febre de alienação proporciona aos seus, digamos, “possuídos”.
Por Gelsomino del Guercio/Aleteia