O Papa Francisco interveio nesta manhã na sessão inaugural do Congresso Internacional sobre a complementariedade entre homem e mulher que acontece no Vaticano de hoje até a próxima quarta-feira, 19 de novembro, promovido pela Congregação para a Doutrina da Fé.
O Santo Padre disse que “a família continua sendo fundamento da convivência e a garantia contra a cisão social”, para depois dizer que “as crianças têm o direito a crescer em uma família, com um pai e uma mãe, capazes de criar um ambiente idôneo para seu desenvolvimento e amadurecimento afetivo”.
O Pontífice alertou sobre a armadilha “de ser qualificados com conceitos ideológicos” já que “a família é um fato antropológico e não podemos qualificá-la com conceitos de natureza ideológica que só têm força em um momento da história e depois caem”.
“Não se pode falar hoje de ‘família conservadora’ ou de ‘família progressista’: família é família; tem uma força em si”, destacou o Papa.
O Papa expressou o seu desejo de que o Congresso seja “fonte de inspiração para todos os que sustentam e reforçam a união do homem e da mulher no matrimônio como um bem único, natural, fundamental e belo para as pessoas, as famílias, as comunidades e as sociedades”.
Logo depois, o Santo Padre anunciou que participará do próximo Encontro Mundial das Famílias que será celebrado em setembro de 2015 na Filadélfia, Estados Unidos.
Durante a sua intervenção e em referência ao tema do Congresso, o Pontífice explicou que na complementariedade do homem e da mulher se baseia “o matrimônio e a família, que é a primeira escola onde aprendemos a apreciar os nossos dons e os dos outros, e onde começamos a aprender a arte de vivermos juntos”.
O Papa se referiu a também às dificuldades que se vivem na família, tais como o “egoísmo e o altruísmo, entre razão e paixão, entre os desejos imediatos e os objetivos a longo prazo” mas “as famílias oferecem também o lugar onde resolver estas tensões”.
Para o Papa Francisco, “quando falamos de complementariedade entre homem e mulher neste contexto, não devemos confundir tal termo com a ideia simplista de que todos os róis e as relações de ambos os sexos estão fechados em um modelo único e estático”. “A complementariedade assume muitas formas, porque cada homem e mulher dão a própria contribuição pessoal ao matrimônio e à educação dos filhos. A própria riqueza pessoal, o próprio carisma pessoal, e a complementariedade se converte assim em uma grande riqueza” que além de um “bem” é também “beleza”, disse aos participantes do Congresso.
O Santo Padre assegurou depois que “hoje, matrimônios e famílias estão em crise” porque “vivemos em uma cultura do provisório, na qual cada vez mais pessoas renunciam ao matrimônio como compromisso público”.
“Esta revolução do costume e da moralidade é frequentemente interpretada como ‘liberdade’, mas causa devastação espiritual e material a inúmeros seres humanos, especialmente aos mais vulneráveis”.
“E é cada vez mais evidente que o declínio da cultura do matrimônio está associado ao aumento da pobreza e a uma série de problemas sociais que atingem de modo desproporcional mulheres, crianças e idosos”, assegurou na nova Sala do Sínodo.
Por outro lado, o Santo Padre disse que “a crise da família originou a crise da ecologia humana, já que os ambientes sociais, como os ambientes naturais, têm necessidade de ser protegidos”.
Além disso, “a humanidade compreendeu a necessidade de enfrentar aquilo que constitui uma ameaça aos nossos ambientes naturais; somos lentos, inclusive em nossa cultura católica, em reconhecer que nossos ambientes sociais estão em risco”.
Portanto, “é necessário promover uma nova ecologia humana e fazê-la progredir” e insistir “sobre os pilares fundamentais que regem uma nação: seus bens imateriais”, sustentou o Papa Francisco.
“A família continua sendo fundamento da convivência e a garantia contra a divisão social”, indicou para depois dizer que “as crianças têm o direito de crescer em uma família, com um pai e uma mãe, capazes de criar um ambiente idôneo para seu desenvolvimento e seu amadurecimento afetivo”.
O Santo Padre quis recordar de novo a exortação apostólica Evangelii gaudim, na qual “coloquei o acento sobre a contribuição ‘indispensável’ do matrimônio na sociedade” uma contribuição que “supera o nível da emotividade e das necessidades contingentes do casal”. A seguir, mostrou-se contente “pela ênfase colocada em seu congresso sobre os benefícios que o matrimônio pode levar aos filhos, aos cônjuges mesmos e à sociedade”.
O Papa Francisco exortou logo os participantes do Congresso a enfatizarem que “o compromisso definitivo com a solidariedade, a fidelidade e o amor fecundo atende aos anseios mais profundos do coração humano”.
Por isso, convidou a terem sempre presente aos jovens que representam o futuro: “é importante que não se deixem envolver pela mentalidade daninha do provisório e sejam revolucionários para terem a coragem de criar um amor forte e duradouro, quer dizer, de ir contra corrente”.