A Jornada Mundial da Juventude (JMJ), realizada de 23 a 28 de julho de 2013, proporcionou momentos de profunda experiência de Deus, deixando marcas inesquecíveis para a memória e para o coração, não só para quem esteve pessoalmente no Rio de Janeiro, mas também para todos os que, em suas Dioceses e Paróquias, ou no seio de sua família, acompanharam o evento através dos mais modernos meios de comunicação.
Multidão nunca dantes vista no mesmo lugar do “réveillon” carioca, emoção em profusão, celebrações, cânticos, oração, evangelização, conversão, missão, tudo isso e muito mais…, são algumas das manifestações ocorridas, presenciadas e vivenciadas naqueles dias inenarráveis…
De três a quatro milhões de pessoas procedentes de 180 países. Dificilmente outro evento atrairá tanta gente como naquela semana e naquele lugar… Vieram para encontrar-se com Cristo, para abraçar o Papa Francisco, para fazer e encontrar amigos. Um número incontável, sobretudo de adolescentes e jovens, mas também de mulheres e homens, realizou seu sonho, chegou bem pertinho do Papa, tocou-o com a mão e o coração, cumprimentou-o, sentiu o calor divino e humano que saía daquela mão afável, paternal e abençoada. Quem passou perto dele, sentiu o coração bater forte.
A praia de Copacabana fazia evocar o mar da Galileia, à beira do qual Jesus viu e convidou seus primeiros discípulos. Aqui e agora, às margens de outro mar, Papa Francisco, Vigário de Cristo, convida outros discípulos para enviá-los na mesma missão.
Apesar de todas as limitações e percalços causados pela falta de infraestrutura, na acolhida de tamanha multidão, os jovens deram tamanho testemunho de entusiasmo, vibração, solidariedade, fraternidade que surpreendeu e encantou a todos.
Naqueles dias, naquela praia, naquele lugar, não houve violência nem confusão nem vandalismo. Do começo ao fim da Jornada, reinou a paz, a alegria, a amizade, a ternura e o amor. A unidade da Igreja de Cristo era palpável… “Oh! Como é bom, como é agradável os irmãos morarem juntos!” (Sl 133/132, 1).
As celebrações, as catequeses, os testemunhos, os shows, as visitas do Papa às periferias materiais e existenciais da cidade, sua fala sábia e incisiva, firme e suave, tudo ficou gravado no fundo do coração de todos.
Relembrando o jovem de Assis, Papa Francisco apertou a mão de todos indistintamente, com simplicidade e sorriso largo em seu rosto feliz. Quis estar o mais perto possível do Povo de Deus, quis andar de carro aberto, nas mesmas ruas onde os cariocas andam de carro blindado.
Por onde passava, repartia otimismo e derramava esperança. Ao se dirigir especificamente aos jovens, suas palavras eram de encorajamento e incentivo: “jovens, vocês são a pupila dos olhos da Igreja…; “Cristo bota fé em vocês e confia-lhes o futuro de sua própria causa!”. Por outro lado, não deixava de provocar os jovens e questioná-los: “Ninguém pode tocar a Cruz de Jesus sem deixar algo de si mesmo nela e sem trazer algo da Cruz de Jesus para sua própria vida”.
Mais ainda. O Papa convidou os jovens a serem protagonistas da mudança, para “fazerem barulho”, não só no Rio, mas que, se fizerem ouvir também em suas dioceses, que saiam; “quero que a Igreja saia pelas estradas, quero que nos defendamos do que é comodidade, do que é clericalismo, de tudo aquilo que é viver fechados em nós mesmos. As paróquias, as escolas, as instituições são feitas para sair; se não o fizerem, tornam-se uma ONG e a Igreja não pode ser uma ONG”.
Traduzir tudo num pequeno escrito o que aconteceu na JMJ é impossível. Cabe a todos e a cada um acolher a mensagem da Jornada do jeito que a experimentou. Precisamos torná-la permanente. O pós-Jornada é inadiável. Não podemos brincar com o “vendaval” de graças recebidas. Não nos deixemos levar pela corrente do mundo e suas falsas ilusões. Sejamos “revolucionários”! “Tenhamos a coragem de ir contra a corrente do provisório”.
“Ide, sem medo, para servir!”, foi o grande apelo, a grande convocação que Papa Francisco lançou aos jovens, durante a Missa de “Envio” da Jornada Mundial da Juventude. Em poucas palavras, eis o que disse o Papa Francisco:
“Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28, 19). O Evangelho é para todas as pessoas. Não tenham medo de ir e levar Cristo para todos os ambientes, até às periferias existenciais… O Senhor procura a todos, quer que todos sintam o calor da sua misericórdia e do seu amor.
“Sem medo”. Quando vamos anunciar Cristo, Ele mesmo vai à nossa frente e nos guia. Jesus nunca nos deixa sozinhos. Somos enviados em grupo, em companhia de toda a Igreja. Jesus não chamou os Apóstolos para viver isolados, chamou-os para que formassem uma comunidade.
“Para servir”. Deixar que a nossa vida se identifique com a vida de Jesus. E a vida de Jesus é uma vida de serviço.
“Ide, sem medo, para servir!” Seguindo estas três palavras, vocês experimentarão que quem evangeliza é evangelizado, quem transmite a alegria da fé, recebe alegria.
Que Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe, nos acompanhe sempre com a sua ternura nos caminhos da missão.
Dom Nelson Westrupp, scj
Bispo Diocesano de Santo André