Descrer da missão é desacreditar Jesus, o grande missionário do Pai. É desacreditar a finalidade da Igreja, que é ser missionária
Somos herdeiros do Concílio Vaticano II, ele despertou a Igreja para seu dever missionário primordial: “A Igreja peregrina é por sua natureza missionária, visto que tem a sua origem, segundo o desígnio de Deus Pai, na missão do Filho e do Espírito Santo” (AG 2). A Igreja é continuidade da missão de Jesus na força do Espírito Santo.
A missão é obra de Deus e Jesus é o primeiro e o maior evangelizador. A iniciativa da missão é sempre de Deus porque Ele nos amou primeiro (cf. 1Jo 4,19). Tudo isto exige da Igreja (de nós que somos Igreja) a passagem de uma missão territorial, que pensa a missão referindo-se a lugares distantes, para uma visão de missão como um modo de ser Igreja. Assim, a missão é responsabilidade de todos e o ser missionário é empenho que decorre do batismo.
Quando a Igreja na América Latina, na V Conferência do Episcopado, em Aparecida, reafirma o convite para que todos sejam discípulos missionários está fazendo opção clara. Opção de uma Igreja que não se entende mais somente voltada para si mesma, ou preocupada apenas com uma pastoral de manutenção. Somos todos convidados a ter iniciativas missionárias: “A missão está a serviço de todos os homens e se manifesta como vida nova em todas as dimensões da existência pessoal e social” (cf. DA 13). É uma Igreja “em saída”, na proposta do Papa Francisco.
Desta maneira, as paróquias devem ser comunidades de comunidades missionárias, centro de irradiação missionária. A nova evangelização quer partir dos católicos não evangelizados (cf. DA 286), reevangelizar os não praticantes (cf. RM 33), para ir em missão aos que não conhecem a Jesus. É a missão em âmbito universal. Não devemos ter medo desta Igreja em estado permanente de missão, porque se “Deus na missão nos pede tudo ele também nos dá tudo” (cf. Papa Franciscoin EG 12).
São quatro os critérios para uma Igreja missionária: abandonar o imobilismo/comodismo, ouvir a todos, ter as portas abertas, assumir um objetivo missionário, um estilo missionário concentrado no essencial. O 7º Plano de Pastoral de nossa Diocese tem como primeira urgência “Uma Igreja em estado permanente de missão”. E nosso Sínodo Diocesano tem como lema: “O sonho missionário de chegar a todos”. Olhando nossa história notamos sua vocação missionária que hoje deve ser retomada com mais força e determinação.
Descrer da missão é desacreditar Jesus, o grande missionário do Pai. É desacreditar a finalidade da Igreja, que é ser missionária, e por fim, desacreditar a própria vocação cristã, que brota do batismo. Enfim, é desacreditar o Reino de Deus, que se expande com a missão: “Ide pelo mundo pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15).
Ouçamos o apelo do Espírito Santo que nos pede uma Igreja, nossa Igreja de Santo André, em estado permanente de missão.
Artigo escrito por Dom Pedro Carlos Cipollini para o Jornal A Boa Notícia
Diocese de Santo André