Logo no início do mês de novembro, celebramos a Solenidade de todos os Santos e Santas, recordando que, “em Cristo, Deus nos escolheu, antes da fundação do mundo, para sermos santos e íntegros diante dele, no amor” (Ef 1, 4). Na verdade, a santidade é nossa vocação por excelência: “a vontade de Deus é que sejais santos” (1 Ts 4, 3). A santidade consiste em estar com o Senhor para sempre (cf. ibidem, 4, 17). A nossa felicidade plena é Cristo.
O caminho mais curto e mais luminoso da santidade é a vivência das Bem-aventuranças. Ao proclamar o decálogo da felicidade, Jesus nada mais fez do que revelar sua própria felicidade. Por isso, abraçar com toda a vontade e com todo o coração as Bem-aventuranças significa antecipar ou experimentar já aqui na terra a felicidade do céu.
Também no início de novembro, comemoramos os Fiéis Defuntos, ocasião especial para rezar por todos os que já partiram para a casa do Pai e para recordar nossa origem, nosso estar no mundo e nosso destino… O peregrinar terreno deve ser vivido em função da passagem para a plenitude da vida, para o abraço amoroso do Pai, para uma nova terra, onde “a morte não existirá mais e não haverá mais luto, nem grito, nem dor, porque as coisas anteriores passaram” (Ap 21, 4).
O ser humano é muito mais do que o tempo que termina com a morte. Trazemos na essência de nosso ser a vontade de participar da própria vida de Deus. Daí, a importância de perceber o sentido da vida como busca contínua da comunhão com Deus. Com efeito, somos chamados a unir-nos a Deus com todo o nosso ser na perpétua comunhão da incorruptível vida divina (cf. GS, 18).
Assim sendo, não esmoreçamos ao longo do caminho; ao contrário, fixemos o coração nas coisas do alto, motivando nosso peregrinar na fé e na esperança, dando fecundidade espiritual ao nosso cotidiano viver.
O desejo ardente do reencontro com os entes queridos que nos antecederam no caminho da fé, alimente nossa saudade do céu, impulsionando-nos a alcançar o que o Pai preparou para os que O amam: “É algo que os olhos jamais viram, nem os ouvidos ouviram, nem coração algum jamais pressentiu” (1 Cor 2, 9).
O grande segredo da perseverança final é a fidelidade na adesão alegre a Jesus Cristo, fazendo de seu Corpo e Sangue a comida e bebida que matarão nossa fome e saciarão nossa sede. Esta é a única comida e a única bebida que saciarão nossa ânsia de imortalidade.
Dom Nelson Westrupp, scj
Bispo Diocesano de Santo André