O Papa Francisco em sua recente Exortação Apostólica “Amoris Laetittia” (A alegria do amor), escreve: “O Deus Trindade é comunhão de amor; e a família, o seu reflexo vivente” (AL n. 11). No início o papa faz notar que apesar dos numerosos sinais de crise no matrimônio, o desejo de formar uma família permanece vivo, especialmente entre os jovens. Este documento é longo, cita muito o parecer dos padres sinodais que participaram dos dois Sínodos sobre a Família: são 325 parágrafos distribuídos em nove capítulos.
O Papa Francisco escreve inicialmente sobre o apoio e os fundamentos bíblicos da família. Analisa a conjuntura atual da família e recorda os elementos essenciais da doutrina da Igreja sobre a família. Em seguida, no capítulo quarto escreve sobre a vivência do amor no matrimônio, amor que se torna fecundo. No capítulo sexto apresenta as perspectivas pastorais nas diferentes comunidades e em seguida trata da educação dos filhos. No capítulo oitavo, um dos principais do documento, o papa faz um convite para acompanhar as famílias, discernindo e integrando a fragilidade, em especial quando as mesmas famílias encontram-se em situações irregulares. Por último trata da espiritualidade conjugal e familiar.
Julgo muito oportuno extrair deste documento algumas pistas para a Pastoral Familiar, a qual se mostra cada vez mais relevante no contexto da vivência eclesial. O papa Francisco na verdade propõe uma Nova Pastoral Familiar. A seguir, um resumo em sete itens das características desta Nova Pastoral Familiar.
Uma Pastoral Familiar, segundo o Papa Francisco, deve ter este direcionamento:
1)Anunciar a “boa nova” da família. Deve dizer a todos que a família faz parte do Plano de Deus para a Humanidade. A família é “invenção” de Deus.
2) Ter muito cuidado com a preparação para o matrimônio, que é uma vocação a ser vivida no âmbito da Igreja. Em especial a celebração deste sacramento deve ser preparada. Os noivos não devem se deixar levar pela sociedade de consumo.
3) Deve haver um acompanhamento do casal nos primeiros anos de matrimônio.
4)A Pastoral Familiar deve acompanhar o casal também nos momentos de crise, rupturas, divórcio, dificuldades, etc.
5)Reforçar a educação integral dos filhos. Ajudar a descobrir a pedagogia da graça nos caminhos de Deus (cf.n. 298ss).
6)Acompanhar, discernir e integrar a fragilidade. Nem a doutrina, nem as normas jurídicas e canônicas devem ser aplicadas de forma impessoal como “princípios gerais”, mas devem ser vistas na perspectiva da pastoral.
7) Que seja uma pastoral orientada pela lógica da misericórdia. Não condenar nem excluir casais com dificuldade, mas a partir do princípio misericórdia incluir, encontrar um lugar dentro da Igreja. Em tudo percorrer o caminho da caridade.
Não tenhamos dúvidas de que este documento sobre a família vem dinamizar e dar uma direção nova à pastoral com as famílias. É preciso perceber que, mais importante do que facultar a comunhão para os casais em segunda união, separados ou divorciados, a Igreja preocupa-se que não se sintam excluídos da participação da comunidade. O Papa Francisco termina com uma belíssima frase que gostaria de transcrever para concluir: “Não percamos a esperança por causa dos nossos limites, mas também não renunciemos a procurar a plenitude de amor e comunhão que nos foi prometida” (AL n. 325).
Peçamos intercessão de Nossa Senhora e São José, pelas nossas famílias e por uma Renovada Pastoral Familiar em nossa Diocese.
Escrito para o Jornal A Boa Notícia – Julho de 2016
+Dom Pedro Carlos Cipollini