A Mensagem do Papa Bento XVI, por ocasião do Dia Mundial das Missões, enfatiza o empenho que a Igreja deve assumir na “missão ad gentes”, para que o Evangelho seja difundido até os confins da terra. A evangelização “ad gentes” é uma necessidade urgente, porque o número daqueles que ainda não conhecem nem ouviram falar de Cristo, parece estar aumentando.
Proclamar o Evangelho da salvação não é facultativo. Para isso é preciso deixar-se impelir ou impulsionar pelo mesmo ardor apostólico das primeiras comunidades cristãs, que, apesar de pequenas e indefesas, foram capazes, com o anúncio e o testemunho, de difundir o Evangelho por todo o mundo.
O compromisso de evangelizar deve ser assumido por todos os evangelizados. O mandato de pregar o Evangelho “deve envolver toda a atividade da Igreja particular, todos os seus setores, insiste Bento XVI em sua Mensagem, em suma, todo o seu ser e operar”. Isto significa que todas as forças vivas da Diocese devem sentir-se fortemente interpeladas e desafiadas a se engajar no movimento de evangelização, para que Cristo seja de fato anunciado em toda parte, em todos os recantos do território diocesano.
Sintamo-nos impelidos e impulsionados a seguir os passos do Apóstolo Paulo, trabalhando, sofrendo e lutando para fazer o Evangelho acontecer onde ainda não foi anunciado. Portanto, devemos ser solícitos pelos que ainda estão longe, por aqueles que ainda não conhecem Cristo nem experimentaram a paternidade de Deus. Não podemos ficar alheios à salvação de nossos irmãos e irmãs.
Por isso, cada um de nós que fazemos parte da Igreja de Cristo, deve dar tudo de si mesmo para colaborar eficazmente no anúncio da Palavra de Deus. Isto exige, antes de mais, uma renovada adesão de fé pessoal e comunitária ao Evangelho de Jesus Cristo.
A crise de fé aparece como um dos maiores obstáculos à Evangelização hoje. No entanto, o ser humano continua a sentir fome e sede de Deus, pois o desejo de Deus está inscrito no coração humano, uma vez que o ser humano é criado por Deus e para Deus. Na verdade, a nossa vocação à comunhão com Deus é o aspecto mais sublime da dignidade humana (cf. CIC, 27). Além disso, a Porta da Fé, que introduz na vida de comunhão com Deus, está sempre aberta para nós. Ajudemos as pessoas que têm dificuldade para crer em Jesus Cristo, a percorrerem o único Caminho que conduz à salvação, anunciando-lhes a Palavra de Deus e fazendo com que seus corações se deixem plasmar pela graça que transforma (cf. Porta Fidei, 1).
Em sua Mensagem, o Santo Padre sublinha ainda que “o encontro com Jesus Cristo como Pessoa viva que sacia a sede do coração só pode levar ao desejo de partilhar com os outros a alegria desta presença e de a dar a conhecer para que todos a possam experimentar”.
Mais do que nunca, urge redescobrir a alegria de crer. “Mas a fé, continua Bento XVI, é um dom que nos foi concedido para ser partilhado; é um talento recebido para que dê fruto; é uma luz que não deve ficar escondida, mas iluminar toda a casa. É o dom mais importante que recebemos em nossa vida e que não podemos guardar para nós mesmos”.
Através das Pontifícias Obras Missionárias, o anúncio do Evangelho torna-se também intervenção a favor do próximo, justiça para com os mais pobres, assistência médica em lugares remotos, reabilitação de quem vive marginalizado, respeito pela vida em todas as suas fases… Confirma-se, assim, que a caridade é o coração do Evangelho. Entremos nessa corrente evangelizadora.
Dom Nelson Westrupp, scj
Bispo Diocesano de Santo André