O Papa Francisco celebrou a Missa na Casa Santa Marta nesta quinta-feira, 8, rezando pelas vítimas do atentado contra a revista de humor francesa “Charlie Hebdo” nesta quarta-feira, 7, em Paris. O Papa mencionou a crueldade humana, tendo em vista o ocorrido e, em contrapartida, fez uma homilia que deu destaque para o amor como caminho para conhecer Deus.
As primeiras palavras de Francisco na celebração foram sobre o atentado. “O atentado de ontem em Paris nos faz pensar em tanta crueldade, crueldade humana, em tanto terrorismo, seja no terrorismo isolado, seja no terrorismo de Estado. Mas a crueldade da qual é capaz o homem! Rezemos, nessa Missa, pelas vítimas desta crueldade. Tantas! E peçamos também pelos cruéis, para que o Senhor mude seus corações”.
O amor de Deus
Na homilia, Francisco destacou que a palavra-chave na liturgia nesses dias após o Natal é “manifestação”. Jesus se manifesta: na festa da Epifania, no Batismo e nas bodas de Caná. Para conhecer Deus que se manifesta, o caminho é o amor, sendo insuficientes a inteligência e a razão humanas.
“Deus é amor! E somente pelo caminho do amor é possível conhecer Deus. Amor racional, acompanhado pela razão. Mas amor! ‘Mas como posso amar aquilo que não conheço?’. ‘Ama os que estão próximos’. E esta é a doutrina de dois Mandamentos: o mais importante é amar a Deus, porque Ele é amor; o segundo é amar o próximo, mas para chegar ao primeiro, devemos subir os degraus do segundo: ou seja, através do amor ao próximo podemos conhecer Deus, que é amor. Somente amando racionalmente, mas amando, podemos chegar a este amor”.
Francisco destacou que Deus é amor, mas não um amor de novela, e sim um amor sólido, forte, eterno e que se manifesta. “Para conhecer Deus, é necessário toda a vida; um caminho, um caminho de amor, de conhecimento, de amor ao próximo, de amor por aqueles que nos odeiam, de amor por todos”.
Deus precede o homem
Francisco ressaltou que não foi o homem quem deu o primeiro passo no amor a Deus; foi Ele que amou o homem primeiro, enviando seu Filho como vítima para reparar os pecados humanos.
Citando o Profeta Jeremias, o Papa disse que o amor de Deus precede o homem e é como “a flor da amêndoa”, a primeira a desabrochar na primavera. E quando o homem se aproxima de Deus, em obras de caridade, na oração, na Comunhão e na Palavra, Deus já está à espera.
“Assim é o amor de Deus: sempre nos espera, sempre nos surpreende. É o Pai, é o nosso Pai que nos ama, que está sempre disposto a nos perdoar, sempre! Como um pai cheio de amor, e para conhecer este Deus, que é amor, devemos subir pelo degrau do amor ao próximo, pelas obras de caridade, pelas obras de misericórdia que o Senhor nos ensinou. Que o Senhor, nestes dias em que a Igreja nos faz pensar na manifestação de Deus, nos dê a graça de conhecê-Lo através do caminho do amor”.