Muito se tem falado, nos últimos anos, de educação sexual. O tema é uma constante na pauta dos movimentos sociais, mas também é defendido pela Igreja, que, durante o Concílio Vaticano II, pediu que as crianças e os adolescentes “sejam formados numa educação sexual positiva e prudente, à medida que vão crescendo”01. Infelizmente, o que o mundo tem apresentado como modelo de educação sexual – especialmente por meio de organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas – é uma distorção, quando não uma completa negação, do autêntico plano de Deus para a sexualidade humana.
A principal contribuição do Magistério da Igreja para a educação sexual está em um ciclo de audiências gerais realizadas pelo bem-aventurado Papa João Paulo II, de 1979 a 1984. Os textos dessas catequeses estão disponíveis na Internet02, mas também foram reunidos na edição “Homem e mulher o criou: catequese sobre o amor humano”, publicado pela Edusc03.
O impulso de João Paulo II em ensinar ao povo de Deus os fundamentos da sexualidade e do amor cristãos deu origem ao que se chama hoje “Teologia do Corpo”. Christopher West, um católico comprometido com a difusão deste apostolado, escreveu o livro “Teologia do Corpo para principiantes”04, explicando aos leigos com linguagem mais simples aquilo que o Papa tinha exposto com termos teológicos. A quem lê em inglês, recomenda-se também Theology of the Body Explained [“Teologia do Corpo explicada”]05, do mesmo autor.
Além de estudar a Teologia do Corpo, à qual o site dedicará um curso em breve, recomenda-se a leitura de dois documentos da Cúria Romana, a fim de que se conheçam os princípios gerais para uma educação sexual católica.
O primeiro documento é da Congregação para a Educação Católica, de título “Orientações educativas sobre o amor humano – Linhas gerais para uma educação sexual”06. É um texto mais doutrinal a respeito do que deve ser a educação sexual cristã.
Algumas pessoas alegam que a Igreja era tradicionalmente contrária à educação sexual e isso só teria mudado com o Concílio Vaticano II, quando não é verdade. O Papa Pio XI, na encíclica Divini illius magistri, condenou o naturalismo presente na formação de sua época, reprovando “o erro dos que, com pretensões perigosas e más palavras, promovem a pretendida educação sexual, julgando erradamente poderem precaver os jovens contra os perigos da sensualidade, com meios puramente naturais, tais como uma temerária iniciação e instrução preventiva, indistintamente para todos”07. Mas, na mesma carta, considerava a possibilidade de uma apreciação positiva da sexualidade por parte de “quem recebeu de Deus a missão educadora e a graça própria desse estado”.
Também em seu magistério, o Papa Pio XII sublinhou a importância de uma educação sexual sadia dentro da família – o que preparou o caminho para a declaração Gravissimum educationis. Em uma alocução de 1953, Pio XII sublinhava que “existe (…) uma educação sexual eficaz, que com segurança total ensina no sossego e de maneira objetiva o que o jovem deve saber para reger a si mesmo e lidar com aquilo que o cerca”08. Na encíclica Sacra Virginitas, o mesmo Pontífice falava da importância do pudor na formação das crianças:
“O pudor sugere ainda aos pais e educadores os termos apropriados para formar, na castidade, a consciência dos jovens. Evidentemente, (…) este pudor não se deve confundir com o silêncio perpétuo que vá até excluir, na formação moral, que se fale com sobriedade e prudência dessas matérias. Contudo, com frequência demasiada nos nossos dias, certos professores e educadores julgam-se obrigados a iniciar as crianças inocentes nos segredos da geração duma maneira que lhes ofende o pudor. Ora, nesse assunto tem de se observar a justa moderação que exige o pudor.”09
Neste documento da Congregação para a Educação Católica, é lembrado que “a família (…) é o melhor ambiente para cumprir a obrigação de garantir uma gradual educação da vida sexual”10. Infelizmente, na atual situação da sociedade, organismos e instituições internacionais alheios à família têm se juntado para ditar ao mundo como deve ser a educação sexual dos nossos filhos, ao passo que os governos locais têm seguido perfeitamente essa agenda. É urgente que os pais saiam da inércia e digam: “Basta! Os valores morais para os nossos filhos daremos nós!”
Os pais devem colocar no coração e na consciência de seus filhos que “sexo é família”, em contraposição à equação que foi introduzida na consciência geral das pessoas, de que “sexo é diversão”.
Quando e como falar sobre essas coisas com as crianças? Em primeiro lugar, é importante nunca mentir para os filhos. Não se deve criar teorias malucas para explicar-lhes as coisas, como é o caso da conhecida história da cegonha, mas, revelando as coisas gradualmente aos filhos, mostrar-lhes a verdade sobre a sexualidade e a vida humana. Segundo: deve-se, desde o começo, ensinar-lhes o nome correto dos órgãos sexuais. Isso evita que, no futuro, a criança use palavras sujas e desapropriadas para designá-los. Terceiro, quando se chega à adolescência, é necessário que os pais expliquem aos seus filhos as transformações que vão acontecer em seu corpo. “A experiência demonstra que este diálogo se desenvolve melhor quando o ‘pai’ que comunica as informações biológicas, afetivas, morais e espirituais, é do mesmo sexo da criança ou do jovem”11. Portanto, preferencialmente, que os pais falem com os filhos e as mães falem com as filhas, e que deem às transformações da puberdade um bom sentido, ressaltando especialmente o aspecto da paternidade/maternidade, que é a vocação para a qual Deus chama os homens e as mulheres.
O segundo documento da Cúria Romana sobre a educação sexual é do Pontifício Conselho para a Família e chama-se “Sexualidade Humana: Verdade e Significado – Orientações Educativas em Família”12.
Na página 31 deste documento, são fixados alguns princípios operativos importantes, que merecem ser comentados:
i) “A sexualidade humana é um mistério sagrado que deve ser apresentado segundo o ensinamento doutrinal e moral da Igreja, tendo sempre em conta os efeitos do pecado original”. Mais uma vez, a doutrina católica expressa seu repúdio àquele naturalismo rousseauniano, que considera o homem “um bom selvagem”. São inspirados nessa mentalidade permissiva que muitos pais deixam seus filhos andar pelados em casa, por exemplo. Isto não se coaduna com o ensinamento moral do Magistério da Igreja. “Ignorar que o homem tem uma natureza lesada, inclinada ao mal, dá lugar a graves erros no campo da educação”13.
ii) “Devem ser apresentadas às crianças e aos jovens somente informações proporcionadas a cada fase do seu desenvolvimento individual”. Este princípio, esmiuçado no decorrer do texto, deve ser seguido levando em conta o que está efetivamente acontecendo na vida da criança e da família. Os pais devem fiscalizar frequentemente o material escolar de seus filhos e aquilo que lhes é passado pelos professores, já que, não poucas vezes, as escolas ensinam perversões sexuais desde cedo aos alunos.
iii) “Nenhum material de natureza erótica deve ser apresentado a crianças ou a jovens de qualquer idade, individualmente ou em grupo”. A educação sexual deve respeitar o pudor. É inadmissível que se apresentem às crianças e aos jovens – como já se vê acontecer em vários lugares – pênis de plástico, aulas ensinando como colocar uma camisinha etc. As famílias devem opor-se ferrenhamente a estes métodos despudorados de educação sexual.
iv) “Nunca ninguém deve ser convidado, tanto menos obrigado, a agir de qualquer modo que possa ofender objetivamente a modéstia ou que, subjetivamente, possa lesar a sua delicadeza ou sentido de ‘privacidade’.”
Por fim, como última recomendação, apresenta-se o já conhecido resumo do livro de Dale O’Leary sobre agenda de gênero14. Trata-se de uma realidade que está para ser implantada em nossas escolas. Ainda não existem leis que obriguem os professores a ensinarem a agenda de gênero. Então, enquanto há tempo, é preciso que expliquemos às pessoas de boa fé em que ela consiste. A ideologia de gênero é uma manipulação segundo a qual o ser humano nasce com o sexo, mas, depois, com o tempo, ele desenvolve o “gênero” que quiser. Se esta cartilha revolucionária for adotada, os professores serão instruídos a manipular as crianças, dizendo que, quando crescerem, poderão escolher a “identidade de gênero” que quiserem, como se a sexualidade fosse um laboratório de testes.
A destruição moral está entrando gradualmente nas escolas: entrou, primeiro, com o naturalismo, negando a existência do pecado original e o auxílio da graça; depois, propondo perversões sexuais, como a masturbação, e os métodos contraceptivos como bons e aceitáveis. Agora, por fim, quer-se implantar a ideologia de gênero, uma espécie de upgrade da deseducação sexual. O caminho ladeira abaixo está sendo pavimentado rapidamente.
O que nós devemos fazer? É importante baixar este resumo sobre a agenda de gênero, imprimi-lo e fazer um verdadeiro apostolado, distribuindo-o a pais e professores, para que tomem consciência do risco que espreita nossas crianças.
Faça quantas cópias forem necessárias e vá pessoalmente aos professores da escola do seu filho, porque muitos deles não sabem que estão sendo manipulados! Com certeza, a despeito de uma minoria engajada com a política de gênero, a maioria esmagadora dos professores ficará profundamente agradecida com este trabalho, pois ficará consciente de uma realidade que os próprios ideólogos de gênero procuram, sordidamente, ocultar.
Nós, do site do Padre Paulo Ricardo, gostaríamos de ajudá-lo neste trabalho. Entre em contato conosco. Envie um e-mail para: suporte@padrepauloricardo.org, assuma o seu compromisso e descreva sua experiência para nós.