Em encontro sobre a “Sinodalidade da Igreja” com membros de congregações religiosas do Grande ABC, bispo diocesano destacou a necessidade de ações pastorais serem realizadas com autenticidade e eficácia em Deus
A fé sem obras de nada adianta. As obras sem o testemunho em Deus, também não. “Por isso, a melhor e maior contribuição é ser um bom religioso. E nós temos testemunhos de religiosos e religiosas que se foram e ficaram o perfume da ação deles, da vida de testemunho em Cristo”, atesta o Bispo da Diocese de Santo André, Dom Pedro Carlos Cipollini.
Essa foi uma das mensagens proclamadas pelo bispo diocesano para elucidar a importância do testemunho de vida, durante o encontro vespertino realizado no domingo (05/03), que reuniu 103 membros de 24 congregações religiosas, virgens consagradas e comunidades de vida da região do ABC, no Instituto Coração de Jesus, no centro da cidade andreense. “Às vezes temos pessoas que fizeram maravilhas e coisas mirabolantes, morrem e ninguém se lembra. Porque não teve a eficácia de Deus naquela ação. Às vezes um fez pouco e foi autentico, fica a memória, o perfume de Cristo”, continua Dom Pedro.
Uma grande referência de obra social, caridade e amor ao próximo é a freira baiana Irmã Dulce (1914-1992), que doou sua vida para ajudar os pobres, doentes e mais necessitados, e cujo legado permanece mais vivo do que nunca.
Palestra
Com a temática “A Sinodalidade da Igreja e a Vida Consagrada”, o evento contou com palestra, tribuna livre e celebração em 3h30 de atividade. Sob a coordenação da Irmã Elaine Cristina Souza – Instituto das Filhas de São José (Vila Alpina-Santo André) e atualmente na coordenação do Núcleo CRB (Conferência dos Religiosos do Brasil) da Diocese de Santo André -, o hino da Campanha da Fraternidade deu início aos trabalhos.
A coordenadora avaliou que “o Encontro foi positivo, com muita participação, alegria, motivação e momento de bastante empolgação, que trouxe uma grande reflexão sobre a importância de ser Igreja, o espírito eclesial, da participação em conjunto e comunhão”.
Logo a seguir, Dom Pedro iniciou a exposição sobre o tema para explicar o significado do Sínodo Diocesano (“fazer juntos o caminho” ou “caminhar juntos”) – cuja abertura na diocese ocorreu em novembro de 2016 e tem duração de um ano -, por meio de três tópicos:
1 – Igreja Sacramento de Comunhão: Corpo de Cristo e Povo de Deus
2 – A Sinodalidade da Igreja
3 – Vida Religiosa e sinodalidade
Para ler o discurso, na íntegra, de Dom Pedro clique no link a seguir: goo.gl/ZhhxRt
Legado da vida consagrada
Após uma pausa para o lanche da tarde, os religiosos e religiosas retornaram ao Encontro numa atividade de tribuna livre, onde cada participante teve a oportunidade de interagir com o bispo diocesano.
Sobre a participação mais incisiva das Irmãs nas comunidades e decisões da Igreja, Dom Pedro citou um exemplo bem-sucedido implementado na Diocese de Amparo-SP, à época em que esteve à frente da Igreja Católica na região (2010-2015), a implementação do Planejamento Pastoral Participativo, com a realização de assembleias e colaborações de coordenadores de pastorais e leigos no desenvolvimento e organização das atividades diocesanas.
Porém, o bispo deixou como mensagem mais importante o testemunho da vida consagrada como legado para a Igreja e o Mundo. “Não tem melhor colaboração (dos religiosos e religiosas). Sem o testemunho pessoal sério, de consagrado, pode-se construir muita coisa, agir muito e depois acaba tudo. Sai e desmorona tudo. E Deus não está comprometido com uma ação onde Ele não é levado em conta. E uma ação pastoral feita sem autenticidade, Deus não é levado em conta”, salienta.
“Ele (Deus) está comprometido, sim, com uma vida autentica. Em termos de vida consagrada o que conta é o testemunho. Mas não é para todos os batizados? Sim! Todo batizado é consagrado. Mas a vida consagrada é um passo além do batismo. É um modo de viver o batismo de uma forma radical. Então, o testemunho, a vida tem que corresponder ao propósito, a promessa feita, porque é uma promessa feita a Deus, diante da Igreja”, explica Dom Pedro.
Comunhão e Participação
De acordo com a autoridade episcopal, a “sinodalidade” representa o compromisso dos religiosos e religiosas com as iniciativas da Igreja, ou seja, toda ação deve se privilegiar a coletividade em detrimento da individualidade. “Quando o religioso faz o voto é errado pensar que o voto dele é só com a congregação. É com a Igreja. Porque não existe congregação que não esteja dentro de uma Igreja. E não existe carisma que não seja conferido e reconhecido pela Igreja. Então, ao fazer os votos o seu compromisso é com a Igreja, através da Congregação, que recebeu da Igreja aquele carisma”, pondera Dom Pedro.
Para o frei agostiniano Paulo Henrique, que também integra o Núcleo CRB da Diocese de Santo André, a visita de Dom Pedro conclamou a todos e a todas estarem em sintonia com as ações da Santa Igreja e com as demandas das comunidades. “Somos chamados como religiosos a dar testemunho da nossa vocação, dos nossos carismas específicos, e sermos sinais para a Igreja de Santo André e luz para nossa sociedade”, frisa.
A celebração com Dom Pedro encerrou o encontro dominical. Para saber mais sobre o Sínodo Diocesano, acesse: http://sinodo.diocesesa.org.br/
(Fotos e texto: Fábio Sales)