“Inter Mirifica”, aprovado em 4 de dezembro de 1963, o segundo dos 16 Documentos publicados pelo Vaticano II, veio confirmar a atenção que a Igreja começou a dar aos meios de comunicação. Já em 1487, o Papa Inocêncio VIII publicou o “Inter Multiplices”, no qual define o pensamento da Igreja sobre os meios de comunicação e como abordá-los (cf. Joana T. Puntel, Inter Mirifica, Texto e comentário, Paulinas, SP, 2012, pág. 8).
Entretanto, o caminho, percorrido na busca do reconhecimento dos valores positivos nos meios de comunicação, não foi fácil. O Decreto Conciliar “Inter Mirifica” clareou e assegurou a obrigação e o direito de a Igreja utilizar os instrumentos de comunicação social. A partir desse Decreto, recebemos a primeira orientação geral da Igreja sobre o emprego dos meios de comunicação social (MCS) (cf. ibidem, pág. 11). Eles alcançam tamanha importância que são para muitos o principal instrumento de informação e formação, de guia e inspiração dos comportamentos individuais, familiares e sociais (cf. RMi, 37).
Também o conteúdo das Mensagens papais por ocasião do Dia Mundial das Comunicações vem corroborando a indiscutível validade e obrigatoriedade dos MCS na vida e na missão da Igreja. Incidindo diretamente na vida das pessoas, a comunicação necessita ser objeto de reflexão pessoal. Por isso, a educação das novas gerações para uma adequada convivência com o mundo da comunicação e de suas tecnologias é essencial para o entendimento das novas condições civilizatórias, propiciando a formação de cidadãos para atuar no contexto da cultura midiática (cf. Mensagem de 2007 para o Dia Mundial das Comunicações).
O Subsídio sobre os 50 anos do Decreto “Inter Mirifica”, elaborado pela seguinte equipe: Pe. José Pedro Teixeira de Jesus, Diácono Nilton Ferreira de Santana, Seminaristas Adriano Pereira da Silva, Diego Lisboa de Almeida e Everton Gonçalves Costa; Humberto Domingos Pastore, Ir. Wilma Carvalho e Ana Maria Matavelli quer levar os participantes nos Três Encontros ali propostos a um conhecimento mais acessível da relação Igreja-comunicação. Não deixe de conhecer e aprofundar o conteúdo deste valioso Subsídio.
Os roteiros apresentados sublinham que a comunicação faz parte da natureza humana, isto é, que somos seres de comunicação e que Jesus Cristo é a Comunicação por excelência de Deus com todo ser humano. Nesse sentido, o comunicador católico é chamado a viver uma profunda comunhão espiritual com Cristo. O que comunico deve estar plenamente em sintonia com Cristo. A comunicação autêntica é um dom, é participação no mistério de Deus que é Comunicação.
Não nos podemos fechar ou ignorar as riquezas que nos oferecem os nossos meios de comunicação. Na verdade, adverte Paulo VI, “a Igreja viria a sentir-se culpável diante do seu Senhor, se ela não lançasse mão destes meios potentes que a inteligência humana torna cada dia mais aperfeiçoados” (EN, 45). Eles ajudam-nos a sermos testemunhas eloquentes e coerentes de Jesus Cristo, Evangelho vivo do Pai.
Dom Nelson Westrupp, scj
Bispo Diocesano de Santo André