Crer que Jesus Cristo ressuscitou dos mortos e que também nós ressuscitaremos com Ele, é condição essencial para a nossa vida cristã e para a nossa fé.
Não façamos como os habitantes de Jerusalém: “Embora não encontrassem nenhum motivo para condená-Lo, pediram a Pilatos que ele fosse morto. Depois de realizarem tudo o que a Escritura diz a respeito dele, eles o tiraram do madeiro da cruz e o colocaram num túmulo… Mas Deus o ressuscitou dos mortos e, durante muitos dias, ele foi visto por aqueles que o acompanharam desde a Galileia até Jerusalém e que agora são suas testemunhas diante do povo” (At 13, 27-31).
Acompanhando assiduamente as celebrações do tempo pascal, fortaleceremos a nossa fé na ressurreição do Senhor Jesus, sobretudo, se acreditamos naqueles que O viram ressuscitado (cf. Mc 16, 14).
Na manhã de Páscoa, ao raiar do sol, as mulheres foram ao túmulo de Jesus e perceberam que a pedra do túmulo já tinha sido removida. Um anjo anuncia-lhes que Jesus ressuscitou (cf. Mc 16, 1-7).
As mulheres correram para contar aos discípulos o que viram e ouviram. Assim começa para elas uma nova aventura em seu caminhar na fé: “Cristo ressuscitou, como havia dito!” (Mt 28, 6; Lc 24, 6).
Mais vezes Jesus havia feito alusão à sua morte e ressurreição. Sabendo que seria morto, Jesus tinha plena certeza de que haveria de participar no banquete do reino dos céus: “Em verdade, não beberei mais do fruto da videira até o dia em que beberei o vinho novo no Reino de Deus” (Mc 14, 25). Portanto, Cristo está plenamente consciente de que participará na vitória do Reino de Deus e na vontade salvífica do Pai.
“Ressuscitou ao terceiro dia conforme as Escrituras”. “Só tu, noite feliz, soubeste a hora em que o Cristo da morte ressurgia”, canta a Proclamação da Páscoa.
Muitas foram as testemunhas da morte de Jesus. Ninguém da sua ressurreição. Cristo, contudo, quis manifestar-se a seus discípulos, repetidas vezes, para confirmá-los na fé, para conferir-lhes o Espírito Santo, animá-los e confortá-los na missão.
O reconhecimento de Jesus ressuscitado não foi tarefa fácil. Os discípulos de Emaús conversavam com o “desconhecido” que se aproximou deles. “Os seus olhos, porém, estavam como vendados, incapazes de reconhecê-lo” (Lc 24, 16). Maria Madalena confunde-o com o jardineiro (cf. Jo 20, 15).
Também Pedro e o discípulo amado, a convite de Maria Madalena, foram ao túmulo. Pedro entrou, viu, mas ficou perplexo sem compreender (cf. Lc 24, 12). “O outro discípulo viu e creu” (Jo 20, 8), isto é, soube interpretar o fato à luz da Palavra da sua fé em Cristo. Tomé, não confiando nas palavras dos colegas, quis colocar a mão no lado aberto de Jesus para acreditar (cf. Jo 20, 25).
Só é possível ver Jesus ressuscitado com os olhos da fé e do coração. Aquilo que os nossos olhos humanos veem são sinais dados pelo Senhor. O que a alma percebe é a Sua presença na vida nova da ressurreição.
A partir da ressurreição de Cristo, temos certeza de que Ele está no meio de nós, vive em nós, está na Igreja, na Palavra e na Eucaristia.
Cabe a cada um de nós encontrá-Lo pessoalmente e fazer a experiência de entrar no Seu Coração ressuscitado. A alegria pascal é isso…
Dom Nelson Westrupp, scj,
Bispo Diocesano de Santo André