Queridos irmãos e irmãs, começo falando sobre a conversão que de um modo geral, é a renuncia dos atrativos mundanos para a abertura de tudo aquilo que Deus tem para nós, e ainda mais, o que nós vamos passar para nossos irmãos por graça d’Ele.
Com isso, começo a falar sobre meu caminho de conversão que teve seu início em fevereiro de 2013. O dicionário Aurélio nos fala que a palavra conversão se resume na mudança de um grupo religioso para outro, foi basicamente o que aconteceu comigo, a diferença é que não mudei a minha religião, apenas migrei da vida pastoral, que é um celeiro de vocações e onde tudo começa, para me aprofundar no carisma ao qual Deus me chamou, e que tem como carisma: “Ser sinal do amor do Crucificado, levando o homem a reconhecer na sua fragilidade humana a divindade de Deus”. Essa frase foi suscitada no coração do nosso fundador Reginaldo Rodrigues e eu aprendi ao longo do caminho vocacional a colocar em prática essas palavras de Deus, o que não é simples, alias nada na vida comunitária é simples pelo contrário, em tudo o que é feito se exige tempo, atenção, concentração… Isso para coisas como limpar a capela, passar o pano no chão de uma sala, ou até mesmo tirar o pó dos objetos litúrgicos, que eu faço geralmente e me alegro em fazer, mas em minha opinião o vocacionado precisa antes de tudo ter vontade e amor, vontade porque ninguém vai mandar fazer nada na comunidade, tudo é pedido ou orientado, logo é acolhido e colocado em prática, eu costumo pensar que se não há vontade, não tem porque estar na comunidade. Quanto ao amor nem preciso falar, ora se não é feito com amor o que é pedido, se perde toda a essência do viver em comunidade.
No âmbito familiar, o vocacionado precisa mais do que tudo, ser paciente, pois é muito comum os membros manifestarem sentimentos de perda ou até mesmo de traição. É preciso muito equilíbrio, ter em mente que a família vai demorar ou talvez nunca vá aceitar a decisão, mas, uma vez decidido o vocacionado deve sempre dizer e mostrar que não vai voltar atrás, de fato é muito difícil em alguns momentos, mas como disse no início, a vida em comunidade não é fácil e nos exige muito, e mais uma coisa, é comum o afastamento de algumas pessoas, isso porque o vocacionado começa a ser mais autentico, por exemplo, defender a fé católica, a vida e a família no seu original, baseado no que diz a palavra e a Igreja na pessoa primeira do Papa Francisco, então pessoas de opiniões contrarias vão se afastar, mas não se assuste a graça de viver em comunidade, de sempre ter irmãos ali que irão te ouvir e consolar e te preparar para que você também vá ao encontro de outros, é muito maior do que ficar preso a pessoas, coisas, costumes…, em fim a comunidade é um molde onde Deus a cada dia vai nos formando um pouco mais…
Não posso deixar de falar do nosso fundador Reginaldo, um homem santo, que não para literalmente, e eu acredito de Deus fala com ele até na hora que está dormindo. Alguns falam que ele é radical, é duro com tudo e todos, e coisas do tipo, mas são palavras que saem da boca de quem não o conhece verdadeiramente, eu tenho a graça de conviver com ele e posso ver o quanto ele é bom e como doa sua vida pelo evangelho, a preocupação que tem com cada filho do carisma e a disponibilidade para atender quem quer que seja a qualquer hora, é bem verdade que ele muitas vezes é duro em suas homilias e pregações mas aí eu pergunto: Jeremias não era duro em suas palavras? O próprio Paulo ao exortar as comunidades não usava palavras duras? Sem falar de um de nossos baluartes São Pio, este também não era considerado duro e sempre bravo? E sabemos o quanto eles contribuíram para o anuncio do evangelho de Deus. Todos nós sabemos também que a verdade quando é falada claramente sempre vai parecer dura, e eu coloco meu fundador junto com esses que citei, pois ele não deixa de ser um anunciador da verdade.
Termino falando da missão, que para mim vai começar de fato no dia 23 próximo, onde vou receber por graça de Deus e pela benção do meu fundador, a cruz que vai me acompanhar em meu caminho missionário, volto a repetir que não será fácil, como nunca foi para todos que anunciaram a palavra de Deus, mas você que esta lendo agora, e sente essa vontade de ir contra aquilo que o mundo ensina nos dias de hoje, que tem vontade de ajudar a espalhar o evangelho, que quer saber como é a vida em comunidade, eu te convido a estar comigo e com meus irmãos e te garanto desde já, que todos os momentos que você estiver junto à comunidade não serão em vão…
Que o amor do Crucificado esteja em seu coração!
José Maria dos Santos Neto
Vocacionado da Comunidade Árvore da Cruz