A fidelidade e o amor são caminhos para uma vida de castidade
Na semana passada, em nossa série de textos sobre o “Sacramento da Confissão”, procuramos esclarecer do que se trata o pecado contra a castidade, listado no sexto mandamento da Lei de Deus. Hoje, conforme prometemos, vamos permanecer no mesmo tema, mas com o enfoque diferente: como é possível ser casto nos tempos atuais? Quais os meios que Nosso Senhor deixou para a gente ter uma vida ordenada na sexualidade?
O matrimônio foi criado no paraíso terrestre, onde a vida física era vivida em um grau espiritual muito maior do que o que temos hoje, pois Adão via Deus face a face. Ele sentiu falta de uma companheira. Deus a criou e os uniu em matrimônio.
Mesmo decaído do paraíso, havia o matrimônio, que é de direito natural, que não exigia a cerimônia religiosa, social, cívica etc. Qualquer acordo valia. Se um homem chegasse em uma mulher, dizendo que a amava, que seria fiel até a morte, e queria, com ela, formar uma família, esses estariam contraindo o matrimônio. Com o tempo, foram-se exigindo a cerimônia pública, por conta da fraqueza humana, que não seguia fiel aos compromissos prometidos. As pessoas percebiam aí algo sagrado.
O problema, no entanto, é que esse matrimônio, sem a interferência de Jesus, impedia o desenvolvimento espiritual. Olhando para o passado e o presente, podemos perceber quantos ciúmes, desempregos, tempo para rezar que não se tem, quantas doenças dos filhos existem dentro do casamento! Esquecemos até mesmo da santidade. Pensamos que ser um católico simples, que não peca gravemente já está bom. Empurramos a união com Deus para os celibatários, cujos corações devem estar 100% entregues a Ele. Até o próprio São Paulo, sabendo de tudo isso, recomenda o celibato (I Cor. 7,1). O casamento de direito natural tornou-se a maior cilada para aqueles que querem ter vida espiritual.
O matrimônio como sacramento
Nosso Senhor veio chamar a todos para uma vida santa, unidos a Ele. Entre os primeiros cristãos não havia tantos celibatários. Esses surgiram com o tempo. Como Jesus resolveu esse impasse? Elevou o matrimônio a sacramento. Sendo este somente lícito se contraído por pessoas batizadas, pois é no batismo que está a chave para tornar o matrimônio um sacramento, pois ao sermos batizados nos tornamos filhos de Deus.
Como já foi dito lá no começo dessa série de textos, o sacramento é o símbolo eficaz daquilo que representa. Ele produz realmente o que mostra como símbolo! O matrimônio é o sinal que revela o amor entre Cristo e a Igreja. “Maridos, amai vossas mulheres, assim como Cristo amou sua Igreja e se entregou por ela!” (Ef 5,24). Cristo acrescentou outra finalidade que não havia no contrato natural, transformando-o em um caminho eficaz de santidade. Não é colocar o cônjuge e os filhos no lugar de Jesus, mas sim uma completa abnegação de si por amor ao outro. Traz foco para a vida espiritual. Ainda mais! O seio de uma família de profunda fé enraizada é o ambiente melhor que se possa existir, para que nasçam os melhores cristãos! Sendo um sacramento, o matrimônio traz em si a graça sobrenatural para que isso se cumpra.
Como Deus é bom e perfeito! Com esse pano de fundo, ajustemos nosso foco.
Santificação do matrimônio
O matrimônio é um contrato pelo qual os esposos, um homem e uma mulher, sendo só um o companheiro do outro, dão um ao outro o direito sobre os próprios corpos, para o uso que a natureza estabeleceu, para a procriação e criação da prole. Cada qual é dono do próprio corpo, mas, no matrimônio, se doa para os atos que, segundo a ordem natural, são os que a natureza instituiu capazes de gerar a prole. Daqui, excluem-se o coito anal e o coito interrompido.
O casamento é para a formação de uma família com geração da prole, também para o auxílio mútuo dos esposos, portanto, é possível se casarem também aqueles que não podem gerar filhos. Ainda mais, o matrimônio é remédio contra a concupiscência. Se uma pessoa não pensa em se casar, não sente falta de companhia, mas não consegue ficar sem sexo, isso é contraditório! Não é bom viver solteiro. Não se pode viver casto, no mundo de hoje, sem o auxílio da graça de Deus.
Pela doutrina cristã, permanece a exigência de cerimônia pública a partir da necessidade de celebração dentro de uma Igreja, diante do padre e testemunhas, oficializado em documento.
Para a maioria das pessoas, esse é o caminho ordinário de santificação. Queira ou não, a maioria das pessoas são e serão casadas. Para essas pessoas, não existe outra via de salvação a não ser pela vivência do sacramento da matrimônio. No entanto, permanece sendo uma faca de dois gumes: ou se vive como sacramento ou não tem santificação. A sacramentalidade do matrimônio pressupõe uma vida sexual regrada. Se se desregrar, acaba com a única chance de santificar-se. Pode até ser católico praticante, mas se não conseguir viver o matrimônio como sacramento, não vão conseguir se santificar.
Daí, percebe-se como a sexualidade tem algo a ver com o amor ao próximo e um amor sublime!
Fonte: Canção Nova