A maternidade é inegavelmente uma das maiores glórias da mulher. É também uma das experiências mais profundas de amor humano, embora não se possa reduzir a mulher a seu papel de mãe; assim como não se reduz o homem a seu papel de pai.
Os Evangelhos apresentam a figura de Maria, mãe de Jesus, como ponto alto da colaboração da mulher com Deus no seu plano salvífico. Ela aceitou ser mãe do Filho de Deus.
O Papa João Paulo I, em 1978, provocou admiração em um pronunciamento dominical na oração do meio-dia. Afirmou: “Deus nos ama sem medida. Sabemos que Ele sempre nos olha, guarda-nos, mesmo quando é noite. É pai; mais ainda, é mãe! Não quer nos fazer mal, mas apenas o bem!”.
O amor de mãe está no âmago do ensinamento evangélico resumido no mandamento do amor. Amor que é ágape, isto é, amor divino de oblação.
Este amor se manifesta na entrega incondicional da mãe a seu filho. Por compreenderem melhor esta dimensão do amor que inclui o sacrificar-se pelo ser amado, as mulheres seguiram Jesus até o Calvário, permanecendo aos pés da Cruz, quando a maioria dos homens o abandonou.
A violência de pais com crianças, o trabalho infantil, a drogadição de pais em detrimento do cuidado com os filhos, o abandono de incapazes e outras mazelas sociais questionam-nos sobre o valor da maternidade na atualidade. Parece-nos que já não se dá a existência, como quem gera ou produz uma vida; não se dá a luz para que o outro ser se desenvolva, mas como quem consome a própria vida gerada. E assim, se uma vida gerada, às vezes “narcisisticamente”, é objeto de consumo, pode-se dispor dela a seu bel prazer. Estes questionamentos vêm envoltos em angústia, porque dizem respeito ao santuário da vida representado, sobretudo, pela da mãe.
No entanto, quero homenagear a imensa maioria das mães que se sacrificam no silêncio, nas lágrimas, nos encorajamentos e nos sorrisos. Algumas vezes cansadas, mas sempre dispostas a servir seus filhos, netos e bisnetos. A maternidade de sangue, de coração: da geração, adoção e do cuidado. Apesar dos choques tristes de algumas experiências traumáticas, temos certeza: a figura da mãe permanece emblemática, símbolo maior de um amor sublime.
Às mães deste tempo, diante de tantas dificuldades, digo-vos: há a possibilidade de imitar o “perfil belíssimo da psicologia de Maria”, que não é uma mulher que se deprime face às incertezas da vida, especialmente quando nada parece correr bem. “Nem sequer uma mulher que protesta com violência, que se enfurece contra o destino da vida que muitas vezes nos revela um semblante hostil. Ao contrário, é uma mulher que ouve”. Luta, luta muito, mas com ternura! Não abandona os que Deus confiou! Eis o testemunho dado por tantas mães, lutar e não abandonar!
Feliz dia das Mães, nossa gratidão por sua dedicação! E não queremos, como filhos, nunca abandoná-las à própria sorte! Nossa Senhora de Fátima que hoje celebramos, cuide de vós, como cuidou dos três pastorinhos!
Artigo escrito por Dom Pedro Carlos Cipollini para o jornal Diário do Grande Abc
Fonte: Diocese de Santo André