“Cristãos e muçulmanos devem lutar juntos contra todo fanatismo para promover a paz e a fraternidade no mundo”, disse o Secretário do Pontifício Conselho para o Diálogo inter-religioso, Dom Miguel Ángel Ayuso Guixot, numa entrevista à nossa emissora.
O prelado visitou a Universidade de Al-Azhar, no Cairo, Egito, nesta quarta-feira (13/07). A visita foi organizada a menos de dois meses do abraço histórico, no Vaticano, entre o Papa Francisco e o Grão-Imame de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyib, em 23 de maio passado.
Dom Guixot: “Vimos a importância de prosseguir na esteira de nossos acordos feitos em 1998, e neste caminho nós tentamos explorar, como fiz neste dia e faremos ainda no final de setembro e início de outubro, temáticas como educação, família e juventude, a contribuição dos fiéis para a paz, o papel da mulher e assim por diante, que são elementos que podem nos ajudar. De um lado, condenar o abuso da religião, e de outro, propor os valores positivos que existem nas religiões, em nossas tradições religiosas, que ajudam a superar esta dificuldade que hoje encontramos. Existe uma grande boa vontade e um grande desejo, como seres humanos pertencentes a tradições religiosas diferentes, de colaborar juntos para promover, em quanto fiéis, todo tipo de luta contra a pobreza, através dessa solidariedade de fiéis a serviço do ser humano, trabalhando a serviço da defesa, da promoção dos direitos humanos e da dignidade de todo ser humano.”
Depois da visita histórica do Grão-Imame Al-Tayyib em maio passado, no Vaticano, e depois este encontro no Cairo, segundo o senhor, se abriu um novo capítulo no diálogo entre Santa Sé e Al-Azhar?
Dom Guixot: “Mais do que um novo capítulo penso que retomamos aquele caminho que empreendemos, em 1998, e que com este encontro tivemos mais uma vez a possibilidade de rever, quando tivemos em mãos o acordo que tínhamos assinado. Com esse documento, se pretendia promover um conhecimento exato das religiões e, ao mesmo tempo, vigiar para que juntos se possa descobrir o papel para servir estas sociedades em que nós vivemos hoje, através da promoção da fraternidade, da solidariedade, da cooperação, da justiça, da paz a fim de buscar soluções às questões ligadas ao bem da humanidade inteira e combater juntos todo tipo de fanatismo religioso como expressão de exclusão e como fonte de ódio, violência e terrorismo. O papel importante de Al-Azhar, junto a esta função especial do Pontifício Conselho para o diálogo inter-religioso na Igreja católica, é algo realmente importante.” (MJ)