Cristo anunciou, diversas vezes e de modos distintos, que ressuscitaria (cf. Mc 8, 31; 9,31;10, 33 – 34). Teve também a delicadeza de preparar a Sua ressurreição, ressuscitando pessoas, afirmando: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que tenha morrido, viverá” (Jo 11, 25). Aliás, muitas vezes Jesus exprimiu, por gestos e palavras, a grande esperança da vida que viera oferecer a cada um de nós que cremos: “Todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais” (Jo 11, 26).
Com sua ressurreição Cristo abriu definitivamente o caminho da vida. Ele, Vida que não morre, reabriu à esperança toda a existência humana. Quem acredita na força de Cristo ressuscitado, torna-se instaurador e promotor da “nova cultura da vida”; assume a vida cristã como duelo radical entre a morte e a vida, seguro de que não foi criado para morrer, mas para viver eternamente, uma vez que, como ensina Santo Irineu: “a glória de Deus é que o ser humano viva”.
Crer que Jesus foi morto, até mesmo pagãos acreditam. Mas que Ele tenha ressuscitado, será que todos acreditam? Só podemos ser cristãos, se crermos na ressurreição de Cristo. A Sua ressurreição é também o testemunho mais consistente da Sua verdade, da autenticidade da Sua pessoa e da Sua missão. Segundo São Paulo, esta é a prova mais irrefutável de nossa fé, pois, “se Cristo não ressuscitou, a vossa fé não tem nenhum valor” (1 Cor 15, 17). Seríamos, dentre os seres humanos, os mais dignos de compaixão (cf. ibid. v. 19), ou seja, depois desta vida não haveria mais nada a esperar! Graças ao dom da fé e vivendo conforme o Evangelho, podemos mostrar com a nossa vida que acreditamos na ressurreição do Senhor Jesus.
Por conseguinte, Jesus de Nazaré, que “andou fazendo o bem e curando a todos” (At 10, 38), é o mesmo que “vós matastes”, mas que Deus o ressuscitou” (cf. ibid. 2, 23 – 24) e está sentado à direita do Pai. Por isso, temos a certeza da Sua presença no mundo, caminhando conosco (cf. Lc 24, 15), todos os dias, até o fim dos tempos (cf. Mt 28, 20).
A exemplo dos primeiros discípulos e discípulas que “viram e creram” em Jesus ressuscitado, queremos “ir apressadamente” ao encontro daqueles e daquelas que ainda não fizeram a experiência de Cristo ressuscitado para colocá-los a par de que “Ele não está aqui! Ressuscitou como havia dito” (Mt 28, 6).
Acolhamos o convite do próprio Ressuscitado: “Vai a meus irmãos” (Jo 20, 17). Muitos resistem ao envio do Mestre, porque não querem sair do próprio túmulo para uma Vida nova; não estão dispostos a ressuscitar e a sair daquelas situações que os impedem de caminhar à luz da Verdade que liberta.
Renovemos com frequência o encontro com o Senhor ressuscitado, sobretudo, na Eucaristia, e cresceremos na missão de testemunhar que Ele está no meio de nós.
Acreditar que Cristo ressuscitou não significa multiplicar provas para demonstrar que Ele está vivo, mas aceitar o mistério da fé. Acreditar é viver a nossa vida de cada dia com espírito pascal, testemunhando que Jesus caminha conosco.
Votos de feliz Páscoa a todas e a todos os Leitores e Leitoras de “A Boa Notícia”, em companhia de Cristo ressuscitado e de Maria, nossa Mãe, que, ancorada na esperança da ressurreição, atravessou a noite das trevas da morte de seu Filho e agora reina gloriosa com Ele no céu, aonde desejamos chegar.
Dom Nelson Westrupp, scj
Bispo Diocesano de Santo André